O carnaval tem já entranhado aquele espírito de pegação, festa.. tanto é que a mídia faz questão de colocar a importância da camisinha. Não podemos nos esquecer também das escolas de samba, os desfiles sempre luxuosos e de muita beleza. Porém, o carnaval pode ser aproveitado de várias maneiras, e daí sim, vai da cabeça, da vivência de cada um, mas principalmente, das pessoas que te acompanham neste período... por isso que, em alguns casos, o "me diga com quem andas, que te direi quem és", se faz presente.
27 fevereiro, 2009
o carnaval e o dia mutável
O carnaval tem já entranhado aquele espírito de pegação, festa.. tanto é que a mídia faz questão de colocar a importância da camisinha. Não podemos nos esquecer também das escolas de samba, os desfiles sempre luxuosos e de muita beleza. Porém, o carnaval pode ser aproveitado de várias maneiras, e daí sim, vai da cabeça, da vivência de cada um, mas principalmente, das pessoas que te acompanham neste período... por isso que, em alguns casos, o "me diga com quem andas, que te direi quem és", se faz presente.
19 fevereiro, 2009
Aprendendo uma lição
Bom, eu poderia falar sim, sobre qualquer assunto, de noticias, de um filme ou uma reportagem passada ontem no jornal.
Mas vou falar de pré-conceito (que a essa altura nem sei mais se escreve com hifen ou sem), mas não falo daquele pré-conceito de raças ou classes, falo de um tipo apenas, um que se esconde bem dentro de nós, lá no fundinho e de tão bem escondido nem percebemos que o temos.
Uma experiencia propria, vivida numa parada de onibus .
Em um dia de inverno, frio, enquanto eu esperava meu onibus para ir para a escola.
Sai do trabalho com o dinheiro contado, era final de mês e eu realmente não tinha mais nenhuma moeda, o dinheiro estava exatamente contado, e se não me falha a memoria eu havia pedido emprestado alguns centavos.
Quando de repente me deparei com um senhor de 50 e poucos anos, que conversava gentilmente com algumas pessoas logo mais a minha frente.
Um senhor de boné verde e uma camisa branca, sem as duas pernas, caminhando com as mãos. Na volta da cintura várias sacolas amarradas pera protege-lo, nas mãos, luvas.
Foi então que eu tive de imediato o pensamento:
Eu ali, com duas pernas, um casaco quente, de botas novas. Aquele senhor chegaria em mim e como eu, nas minhas condições falaria pra ele que não teria moedas e nenhum dinheiro para ajudá-lo?! (e era verdade, eu realmente não tinha).
Foi então que ele se aproximou, e eu pedia a Deus para que meu onibus viesse e me livrasse daquela situação.
Ele pediu licença para mim e eu vi em seus olhos a felicidade.
Ele perguntou se eu poderia ouví-lo, pois ele teria algo bom a me dizer, eu disse que sim. Neste dia esse senhor me disse:
- Hoje foi meu primeiro dia de emprego, eu estou feliz.
Não tive muito o que fazer, além de sorrir realmente emocionada, ele se virou e dentro de instantes pegou um onibus, ajudado por um homem que estava na parada.
Durante vários minutos não sei o que aconteceu, não sei quantos onibus deixei de pegar. Tuda a minha volta se calou. Quando cheguei a escola, fui direto na capela e lá, rezei muito por aquele senhor e pela pessoa que tinha àquele homem uma nova chance de vida.
Foi então que o Padre apareceu e sentou para comigo conversar. Contei a ele com voz embargada e com as lágrimas que incessantemente rolavam pelo meu rosto. A primeira pergunta que ele me fez foi:
- Você é preconceituosa?
Eu logo neguei, dizendo que tinha amigos negros e de crédulos diferentes.
Ele sorrindo me perguntou:
- Hoje filha o que você fez, se não foi ter um pré-conceito de alguem?
Eu fiquei em silencio e ele me disse:
-Não se culpe 99% das pessoas se aproximam de outras pela aparencia, ou se afastam.
Daquele dia em diante eu nunca mais pré-conceituei alguém e levei para a minha vida, a velha filosofia de que nós, não somos aquilo que vestimos. As roupas, tênis, pulseiras, anéis, óculos, celular.Nada disso, nós somos aquilo que temos no coração.
Somos mais, muito mais do que a simples e bonita casca, que nos envolve a maior parte do dia. Nós somos aquilo que sentimos. Somos nós depois de um banho, somos nós com nossos amigos, pais, filhos, namorados, maridos. Somos o que somos, com mãos, pés, braços ou sem eles. Somos mais e talvez bem mais do que pensamos: CORAÇÃO.
Texto criado por minha grande amiga, Ananda.